Festa da Música
Depois de vinte anos de música, de ter vivido várias fases, tido vários gostos, depois de ter escutado músicas de todos os tempos e de todos os lugares do planeta, eu posso afirmar que cheguei em minha plena evolução musical.
Quando falo de evolução musical, entenda que todos os estilos, todas as músicas, tudo é válido. Penso que quanto mais eclético musicalmente uma pessoa for, mais ela está musicalmente evoluída. Não condeno preferências, mas zelo pela justiça de assumir que todos os estilos têm música de qualidade, sem preconceitos. Até naquele funk, que muitos não gostam, há música de qualidade!
Como eu tive a percepção de me incluir no grupo de musicalmente evoluídos?! Graças a minha avó e seus CD’s.
Como assim?
Como assim, que há 5 anos atrás, ter que escolher um CD da minha avó para escutar era um sacrifício. Em plena adolescência, bandas que não fossem de Seatle ou que não tivessem 2 guitarras ou mais guitarras geralmente não caíam bem.
Mas como o tempo passa e os gostos mudam, crescem, se aglomeram; foi uma delícia poder novamente depois de muito tempo conferir os CD’s da vovó, e perceber que muita coisa mudou. Não, a minha avó não aumentou sua coleção de uns 200 CD’s, não aumentou muito, nesses anos todos que passaram eu diria que pintaram por ali não mais que 30 CD’s. Mas... analisando os cantores, bandas e orquestras ontem, pude perceber que o que mais mudou ali fui eu, que me tornei uma pessoa impressionantemente eclética, ao ponto de gostar de todos os CD’s da vó, admirá-los e escuta-los durante a madrugada de ontem.
Fiquei muito feliz ao perceber que mexendo naqueles CD’s eu estava entrando em uma FESTA DA MÚSICA, e o melhor, sem sair de casa! A festa foi mais ou menos, assim...
A festa começou ao som de Richard Clayderman com um piano fantástico! Ray Connif e sua banda subiram ao palco em seguida relembrando o CD Ray Live in Rio, gravado aqui mesmo na Cidade Maravilhosa. A madrugada estava só começando quando a festa caiu no samba, CD’s Casa de Samba I, II e III, tocaram várias músicas (esse com certeza esses CD’s entrarão no repertório do meu mp3), sambistas como Jorge Aragão, Zeca Pagodinho, Martinho e Beth Carvalho animaram a festa da música com sambas famosos e convidados especiais, Jamelão ficou até de bom-humor e a Velha Guarda da Portela parecia um bando de crianças dançando; Depois foi a vez de Frank Sinatra honrar seu apelido de “The Voice”, mostrando clássicos como Stranger In The Night, NY NY, Moon River entre outros. Aproveitando o vácuo do Sinatra, The Carpenters entraram em cena, uma banda que me lembra a minha infância e que tem uma temática muito atual, sua vocalista morreu de anorexia, caso semelhante ao da modelo brasileira que chamou a atenção da mídia semana passada.
A imperdível Orquestra Tabajara veio logo após os irmãos do Carpernters. Trouxe o som de uma das maiores orquestras brasileiras já existentes; para muitos, Tabajara é apenas um produto do Casseta e Planeta, mas para quem conhece música sabe quem são e sua importância. Em homenagem aos 10 anos de sua perda, Renato Russo em italiano e muita emoção. Para festa não desanimar, Chico Buarque, o malandro carioca subiu ao palco com graaandes sucessos, clássicos da música brasileira, Dorival Caymmi quis subir logo em seguida para não ficar atrás e começou cantando “Ai que saudade da Bahia”, impagável! Logo depois foi um show de Tarantela, não negando a descendência familiar que é a italiana, o ritmo contagiou a noite; Muitos boleros e tangos fizeram até os mais encabulados arriscarem uns passos; Elba Ramalho surgiu então grandiosa com forró e música nordestina, com destaque para a música Morena Tropicana de Alceu Valença. Logo em seguida foi a vez de entrar em cena um ritmo brasileiro, um ritmo carioca, o Chorinho! Nesse momento da festa, a madrugada já estava avançada e o Rei Roberto Carlos, vestido de azul e branco apareceu para cantar músicas de suas boas fases, um momento especial. Tom Jobim gostou muito, aplaudiu e resolveu cantar sobre garotas de ipanema, saudades do Rio e temáticas já conhecidas de seu repertório. Zizi Possi e Pavarotti também deram seus pitacos, Sérgio Mendes mostrou estar em grande fase e chamou até Baden Powell para acompanhá-lo. Caetano Veloso, que até então estava tímido, subiu ao palco, falou sobre atrocidades mundanas no espírito neolítico bucólico de sociedades altruísticas com mazelas de problemas algozes e acabou confundindo o público, mas quando resolveu cantar, a expressão de dúvida transformou-se em sorrisos de agrado. Seu parceiro Gil, nosso Ministro, não agüentou, invadiu o palco e cantaram juntos no final.
Rita Lee, a minha rainha, pediu licença da mesa em que me fazia companhia juntamente com Chico Buarque, Cartola, Noel Rosa, Maria Rita e Adriana Calcanhotto, subiu no palco e mostrou porque é a rainha do rock! Foi ouvido um imenso coro quando ela cantou a famosa música “Balada do Louco”, Raul Seixas podia ser visto aplaudindo de pé junto ao bar. Quando Francis Hime subiu ao palco com um piano magistral, o sono já era perceptível após horas e horas de festa da música, naquela altura Tim Maia, o síndico, anunciou que cantaria a saideira, seu sobrinho Ed Motta se emocionava com o tio que relembrava velhos sucessos, diga-se de passagem, a mesa de Ed Motta era uma das mais animadas da festa em vista da quantidade de botafoguenses lá presentes, Zeca Pagodinho, Beth Carvalho, Marisa Monte, Emilio Santiago, Zélia Duncan, o próprio Ed, Marina Lima, Agnaldo Timóteo, Emilinha Borba, Vinicius de Moraes entre outros, cantavam o hino do Glorioso carioca.
Ao final, todos os artistas nacionais e internacionais se despediram, houve uma grande confraternização, alguns muito generosos trataram de arrumar a bagunça que estava feita aqui em casa, uns CD’s estavam nas caixinhas erradas, outros sumidos, outros bagunçados... ordem restabelecida, o dia amanhecia e eu fui dormir com um sorriso de quem se divertiu bastante em uma festa noturna inesperada.
Quando falo de evolução musical, entenda que todos os estilos, todas as músicas, tudo é válido. Penso que quanto mais eclético musicalmente uma pessoa for, mais ela está musicalmente evoluída. Não condeno preferências, mas zelo pela justiça de assumir que todos os estilos têm música de qualidade, sem preconceitos. Até naquele funk, que muitos não gostam, há música de qualidade!
Como eu tive a percepção de me incluir no grupo de musicalmente evoluídos?! Graças a minha avó e seus CD’s.
Como assim?
Como assim, que há 5 anos atrás, ter que escolher um CD da minha avó para escutar era um sacrifício. Em plena adolescência, bandas que não fossem de Seatle ou que não tivessem 2 guitarras ou mais guitarras geralmente não caíam bem.
Mas como o tempo passa e os gostos mudam, crescem, se aglomeram; foi uma delícia poder novamente depois de muito tempo conferir os CD’s da vovó, e perceber que muita coisa mudou. Não, a minha avó não aumentou sua coleção de uns 200 CD’s, não aumentou muito, nesses anos todos que passaram eu diria que pintaram por ali não mais que 30 CD’s. Mas... analisando os cantores, bandas e orquestras ontem, pude perceber que o que mais mudou ali fui eu, que me tornei uma pessoa impressionantemente eclética, ao ponto de gostar de todos os CD’s da vó, admirá-los e escuta-los durante a madrugada de ontem.
Fiquei muito feliz ao perceber que mexendo naqueles CD’s eu estava entrando em uma FESTA DA MÚSICA, e o melhor, sem sair de casa! A festa foi mais ou menos, assim...
A festa começou ao som de Richard Clayderman com um piano fantástico! Ray Connif e sua banda subiram ao palco em seguida relembrando o CD Ray Live in Rio, gravado aqui mesmo na Cidade Maravilhosa. A madrugada estava só começando quando a festa caiu no samba, CD’s Casa de Samba I, II e III, tocaram várias músicas (esse com certeza esses CD’s entrarão no repertório do meu mp3), sambistas como Jorge Aragão, Zeca Pagodinho, Martinho e Beth Carvalho animaram a festa da música com sambas famosos e convidados especiais, Jamelão ficou até de bom-humor e a Velha Guarda da Portela parecia um bando de crianças dançando; Depois foi a vez de Frank Sinatra honrar seu apelido de “The Voice”, mostrando clássicos como Stranger In The Night, NY NY, Moon River entre outros. Aproveitando o vácuo do Sinatra, The Carpenters entraram em cena, uma banda que me lembra a minha infância e que tem uma temática muito atual, sua vocalista morreu de anorexia, caso semelhante ao da modelo brasileira que chamou a atenção da mídia semana passada.
A imperdível Orquestra Tabajara veio logo após os irmãos do Carpernters. Trouxe o som de uma das maiores orquestras brasileiras já existentes; para muitos, Tabajara é apenas um produto do Casseta e Planeta, mas para quem conhece música sabe quem são e sua importância. Em homenagem aos 10 anos de sua perda, Renato Russo em italiano e muita emoção. Para festa não desanimar, Chico Buarque, o malandro carioca subiu ao palco com graaandes sucessos, clássicos da música brasileira, Dorival Caymmi quis subir logo em seguida para não ficar atrás e começou cantando “Ai que saudade da Bahia”, impagável! Logo depois foi um show de Tarantela, não negando a descendência familiar que é a italiana, o ritmo contagiou a noite; Muitos boleros e tangos fizeram até os mais encabulados arriscarem uns passos; Elba Ramalho surgiu então grandiosa com forró e música nordestina, com destaque para a música Morena Tropicana de Alceu Valença. Logo em seguida foi a vez de entrar em cena um ritmo brasileiro, um ritmo carioca, o Chorinho! Nesse momento da festa, a madrugada já estava avançada e o Rei Roberto Carlos, vestido de azul e branco apareceu para cantar músicas de suas boas fases, um momento especial. Tom Jobim gostou muito, aplaudiu e resolveu cantar sobre garotas de ipanema, saudades do Rio e temáticas já conhecidas de seu repertório. Zizi Possi e Pavarotti também deram seus pitacos, Sérgio Mendes mostrou estar em grande fase e chamou até Baden Powell para acompanhá-lo. Caetano Veloso, que até então estava tímido, subiu ao palco, falou sobre atrocidades mundanas no espírito neolítico bucólico de sociedades altruísticas com mazelas de problemas algozes e acabou confundindo o público, mas quando resolveu cantar, a expressão de dúvida transformou-se em sorrisos de agrado. Seu parceiro Gil, nosso Ministro, não agüentou, invadiu o palco e cantaram juntos no final.
Rita Lee, a minha rainha, pediu licença da mesa em que me fazia companhia juntamente com Chico Buarque, Cartola, Noel Rosa, Maria Rita e Adriana Calcanhotto, subiu no palco e mostrou porque é a rainha do rock! Foi ouvido um imenso coro quando ela cantou a famosa música “Balada do Louco”, Raul Seixas podia ser visto aplaudindo de pé junto ao bar. Quando Francis Hime subiu ao palco com um piano magistral, o sono já era perceptível após horas e horas de festa da música, naquela altura Tim Maia, o síndico, anunciou que cantaria a saideira, seu sobrinho Ed Motta se emocionava com o tio que relembrava velhos sucessos, diga-se de passagem, a mesa de Ed Motta era uma das mais animadas da festa em vista da quantidade de botafoguenses lá presentes, Zeca Pagodinho, Beth Carvalho, Marisa Monte, Emilio Santiago, Zélia Duncan, o próprio Ed, Marina Lima, Agnaldo Timóteo, Emilinha Borba, Vinicius de Moraes entre outros, cantavam o hino do Glorioso carioca.
Ao final, todos os artistas nacionais e internacionais se despediram, houve uma grande confraternização, alguns muito generosos trataram de arrumar a bagunça que estava feita aqui em casa, uns CD’s estavam nas caixinhas erradas, outros sumidos, outros bagunçados... ordem restabelecida, o dia amanhecia e eu fui dormir com um sorriso de quem se divertiu bastante em uma festa noturna inesperada.