* O Mundo Olhado *

11 outubro 2006

Viva o feriado em família!


Ah! E finalmente chega o feriadão!

Depois daquela semana estressante no colégio, de estudos inacabáveis, provas, trabalhos, esporro do coordenador, esporro da diretora, esporro da mãe, esporro da namorada, esporro do cachorro, esporro do professor, esporro do porteiro, esporro do pipoqueiro, depois de tantos esporros, o calendário resolve dar uma trégua e coloca o feriado justamente em uma quinta-feira. Resultado: FERIADÃO.

Feriadão é aquela maravilha de sempre, é quando a sua família se junta e vai pra praia, todos torrando no sol e se empanando na areia esquecendo que, na semana seguinte, todos parecerão uma família de camarões mutantes agigantados tamanha a vermelhidão. Fora o problema pra dormir a noite, com toda a ardência provocada pelo sol a única posição agradável é em pé. O sabonete que parece uma pedra pomis de tanta areia grudada também é clássico, o último a tomar banho sempre tem que passar por esse problema.
Apesar de tudo são bons tempos... até mesmo a tia gorda já não é tão inconveniente como há tempos atrás, o mais chato dessa viagem é o tio sacana tentando te dar cuecão, mas tudo bem, tudo pela praia!
Primo e prima menores competindo pra ver quem acha mais lixo dentro do mar, a prima mais velha com medo das águas-vivas e flertando com o salva-vidas e você se descobre sem ter o que fazer, a não ser dar aqueeele mergulho. Se prepara, levanta, tira areia da bunda, corre em direção ao mar, desvia das 348 pessoas que estavam na sua frente, pula o menininho perdido que acabou de sair da água, leva uma bolada de frescobol na costela mas consegue, dá o maior pulo de todos, de deixar João do Pulo com inveja! Pena que o mar recuou e a água ficou na altura da canela, mas e daí o tombo, o rolamento e as dores? O pulo é o que importa, e apesar de tudo ele foi lindo! Nessa hora também, descobre-se que, apesar de a água estar lotada, com densidade maior que a de Manhatan, a temperatura dela é glacial! E você desiste do pulo e vai pra barraca onde a mãe já surge com o bloqueador solar pronta pra passar ou pra obrigar a passar pela vigésima vez nos últimos vinte minutos.

A noite a gangue de camarões mutantes resolve passear na cidade, metade dela ainda não tomou banho graças a falta de água típica de cidades litorâneas, mas vão todos felizes. Na cidade nada de novo, nada de velho, o mesmo de sempre. Os pais e os tios resolvem beber em um bar e você tem que, no auge dos seus 14 anos, tomar conta dos primos pequenos, claro que você vai encoleirá-los em uma lixeira próxima e vai curtir a cidade sozinho. Anda um quilômetro pra cima, acaba o centro da cidade, um pra baixo, idem, e você novamente percebe que não tem nada pra fazer. A prima mais velha dando uns beijos escondida atrás da peixaria, os primos encoleirados comendo lixo. E a noite torna-se um fracasso, mas no outro dia é dia de praia e o ânimo volta!

Acordando no dia seguinte, o tio mais desorientado resolve levar a família toda pra uma praia que ele diz ser “genial, linda, limpa e segura” que fica em uma cidade próxima que nem nome no mapa consta. Ótimo, entra a família toda nos carros e pé na estrada, passa uma, duas, três horas e todos se percebem surpreendentemente perdidos, é a melhor hora que o ar condicionado encontra pra pifar e deixar todo mundo em uma sauna seca. A situação é crítica. Tia gorda contando os problemas do trabalho e falando que tem problema de prisão de ventre, só de imaginar a cena sua vontade é pular pela janela, agrava a vontade quando primos pequenos começam a chorar e o tio sacana a coçar a micose que pegou no dia anterior, nisso o tio perdido tentando arrumar um culpado; até que, a tia mais cabeça de vento dá uma idéia. Se estabelecer na praia maia perto. Todos gostam.
Chegando à praia mais perto um pequeno problema, a praia Olho de Boi é nudista, um pequeno detalhe pro tio sacana que já sai correndo pelado na beira do mar; mas um grande empecilho pra todos, principalmente pra tia gorda que ainda não queimou o frango do natal e não quer exibir mais do seu corpo do que o que o sei maiô GG permita. Voltam pra casa.

Casa de praia é casa de praia, televisão e internet não fazem parte do clima, já jogos de tabuleiro sim, são a melhor opção pra unir toda a família de camarão em torno de uma mesa a noite. Jogo número 1: banco imobiliário, começa divertido, mas depois de cinco horas e meia de jogo fica insuportável. Jogo número 2: War, corria bem, até que o seu primo mais sem noção, retardado e lazarento taca os dados em cima do tabuleiro, o seu exército que dominava Vancouver pára em Vladvostock, Boreu que tinha uma proteção impenetrável fica vazia e o Congo que ninguém ligava fica cheio. Chega, não dá, o resultado é terminar a noite com o jogo número 3: Imagem e Ação, como casa de praia não tem muito papel e caneta, resolvem adaptar fazendo o jogo com mímica. O jogo termina quando a tia gorda tenta imitar “jurassic park”.

O terceiro dia sempre é o mais movimentado e divertido, é quando o tio desorientado bebe todas, pula no mar e tem que ser salvo pelo helicóptero da guarda costeira, é quando a tia gorda leva uma cantada na praia ou quando você coloca os primos pequenos em uma canoa alugada e deixa-os horas a deriva bem longe da areia. É quando o tio sacana é o mais sacaneado, que a pereba que era do tamanho de uma bola de pingue-pongue, de tanto ele coçar, já dominou metade do corpo dele criando um apelido que só será esquecido no próximo verão: homem pereba. A prima mais velha que beijou metade da cidade também tem coisas estranham na boca, você jura de pé junto que é sapinho, ela diz que foi o sol. É o último dia de praia, merece o melhor mergulho do século, dessa vez sem o mar recuar. E você se prepara, se alonga, aquece e finalmente corre, corre muito, desvia dos vendedores de picolé, empadinha, óculos de sol, CD’s pirata, desvia da carrocinha de tapioca, desvia das centenas de pessoas a sua frente, passa abaixado no jogo de frescobol, pula o castelo de areia dos primos pequenos, vê o mar perto, calcula pular na hora certa e lá vai... Sem dúvidas, o maior pulo que aquela praia já viu, perfeito, lindo, recebendo até aplausos, você só não contava com um pequeno problema... aquela sunga que a tia gorda insistiu tanto que você usasse, aquela roxa com detalhes amarelos que você disse que não dava em você, que tava larga, sabe? Pois é, sumiu. E você se depara com a pior das situações de praia, típicas do terceiro dia de feriado, você está a 400 metros da sua família, dentro da água lotada e... pelado! Grita o tio sacana, mas pensa melhor e desiste, grita os primos pequenos que não escutam, acena, acena, acena e nada. Duas horas depois, quando a mãe vai chamar pra passar protetor, você conta o problema e a solução é sempre a mesma, sair da água com a canga amarrada na cintura. Não existe situação pior para um adolescente de 14 anos. A mãe vai pegar a canga na barraca e, pela primeira vez nos três dias, você encontra conhecidos! Tratam-se das duas gêmeas mais fofoqueiras da sua sala, ótimo, nada podia ser pior. Tenta disfarçar daqui, dali, mas não dá. A mãe chega, entrega a canga em mãos e você sai da água como se estivesse em uma túnica árabe. As gêmeas riem até doer a barriga, parece que todo mundo da praia está olhando pra você que neste momento só não fica mais vermelho porque você já é o camarão mais vermelho da praia, insolação e câncer de pele são seus sobrenomes.
À noite, ninguém tem fôlego pra mais nada, todos dormem às 19 horas, não esquecendo de dar aquela bela sacaneada em você antes, claro. O tio sacana de 10 em 10 minutos aparece de canga na porta do seu quarto te fazendo lembrar dos momentos desesperadores na praia. Dorme.

No dia seguinte todos vão pra casa, o tio desorientado resolve pegar um atalho e se perde, o resto da família fica 7 horas no trânsito, compra biscoito de polvilho, canudinho, picolé, toma suco, coca, pinga a metro, compra presilha pro cinto, boné e broche, nisso o carro anda magníficos 2 metros. Desiste e resolve dormir, toma um Dramin que vai te deixar grogue o resto da semana, mas não liga.
Chega em casa, olha no espelho o camarão mutante que você se transformou, lembra do feriadão na praia, ri e dá graças a deus que tudo acabou, no dia seguinte a boa e velha rotina de trabalhos, provas e esporros.

3 Comments:

  • aiai marcelo!! q imaginação hein!!

    feriãdão vem ai!!
    e tomara que dê pra aproveitar alguma coisa né?! msm sabendo q domingo tnho q estudar pra física =/ e msm sabendo q aqui em vassouras não tem nada pra fazer!!! :O

    mass...tudo se resolve...e sempre damos um jeitinho de acabar tudo bem!!

    eu li tapioca??? vontadeee de comer agora...cadê a carol?? ahuahuhau

    beijossss

    By Anonymous Anônimo, at 13:48  

  • Bravo, bravo..

    Esse é o feriadão da típica família brasileira...rs


    Vc só esqueceu da chuva. Pque sempre tem um dia que chove....



    Beijooo

    By Blogger Natália, at 11:57  

  • engraçado e que toda familia é assim...pelo menos a sua nao leva aquela farofada gordurenta (nem a minha graças a deus)

    eu no auge dos meus 20 anos (grande coisa) prefiro me juntar ao tio sacano e ao pai superprotetor e encher a cara debaixo de um sombra, e ainda ajudo a zuar a prima mais velha

    By Blogger Azrael, at 17:01  

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