* O Mundo Olhado *

04 setembro 2006

Jornalismo Distorcido


Época eleitoral é sempre igual: panfletos distribuídos, os famosos santinhos, bandeiras nas ruas, horário eleitoral na TV, camisa do deputado estadual, boné do vereador, colunista de um grande jornal assessorando político, matérias na televisão tendenciosas para o presidente tal, reportagens com informações alteradas e falsas na revista, opa! Pera aí!


Que tipo de jornalismo será esse? Nossa imprensa, nossos meios... até que ponto não sensacionalizamos as matérias que divulgamos para alcançar uma visibilidade e uma repercussão maiores? Até que ponto o jornal diz a verdade, o entrevistador sabe o que está perguntando? Até que ponto a notícia que eu estou lendo agora na Folha de São Paulo/O Globo/Diário do Nordeste/Estadão/Zero Hora/Gazeta do Povo/Jornal do Comércio/ O Dia é real ou não se passa de uma notícia ficcional?


Proteger o público contra o mau jornalismo é difícil, ainda mais em um período eleitoral como o que estamos passando. Nessa época as informações que circulam nos meios de comunicação sempre tendem a favorecer um lado e acabam por perder várias vezes o compromisso com a verdade. Resultado: lesam o leitor e o bom jornalismo. Mas não pensemos que isso aflige só a parte política. Todos os dias, muitas das matérias que vão ao ar na TV, que são escritas na revista, que você lê nos jornais seja sobre o que for; tendem a favorecer algo/alguém. É o editor que viaja grátis por uma companhia aérea e fica também sem pagar num certo hotel e na volta recomenda as empresas aos leitores do jornal, é o colunista que recebe um dinheiro por fora para falar bem disso e daquilo, etc.


Definitivamente, não é preciso ser um estudioso da mídia pra perceber os pecados da imprensa. E nessa bagunça toda quem mais perde é o público. Como diz o livro "Sobre Ética e Imprensa" de Eugênio Bucci - "Não pode haver jornalismo de qualidade quando se atropelam os padrões éticos. Jornalista não é detetive, não é relações-públicas, não é cabo eleitoral, não é cortesão: jornalista é pago para oferecer ao cidadão informações com credibilidade".


A utilização da ética na imprensa é extremamente necessária! Chega de mau gosto, curiosidade sensacionalista, plágio, confusão de notícia com propaganda, etc. O que podemos fazer a respeito da dessas mazelas?De acordo Livro "Sobre Ética e Imprensa" a resposta é uma só: EDUCAÇÃO. E é esse o ponto que deve ser explorado como fator mudança. É preciso formar jornalistas com uma mentalidade diferente nas faculdades, é preciso envolver o público no debate, e é preciso investir numa mentalidade social que prestigie e cobre excelência de imprensa. O jornal deve divulgar as leis de imprensa independente de seus próprios interesses, atento à revelar possíveis conflitos potenciais, lidando honestamente com leitores e produtores de notícias não deturpando ou distorcendo fatos.Com ações certas, investimento na educação e formação de profissionais da área de Comunicação Social e a valorização da Ética de uma forma geral; quem sabe num futuro breve o mau jornalismo que ronda a imprensa brasileira não seja extinto, ou seja pelo menos reduzido, e nós, o grande público, não tenhamos um acesso a meios de informação que se comprometam APENAS com a verdade.

(*)foto: Ponte Hercílio Luz, Florianópolis-SC (by: Marcelo Cosentino)

6 Comments:

  • Olá Marcelo!

    Adorei o texto e me veio, inclusive, em um momento oportuno, já que hoje mesmo conversei com uma jornalista recém-formada sobre o mercado para os jornalistas e fiquei um tanto frustrada.
    Na academia sempre ouvimos e debatemos a questão ética e hoje, quando a jornalista que citei falou sobre a frustração de ter um texto modificado pelo editor em prol dos interesses de alguns anunciantes do veículo, me imaginei na mesma situação e repugnei completamente aquela atitude. Mas aí vamos aos dois lados da moeda, vamos às nossas ideologias e às nossas necessidades, as contas a pagar, ao temido final do mês... "e agora José?".
    È difícil,mas eu, sonhadora que sou, espero defender sempre as minhas idéias, sem ninguém que se intrometa em minhas linhas,caso contrário, mudo de rumo, viro administradora de tomates se preciso for para pagar as minhas contas, pq as minhas ideologias são as minhas ideologias e em mundo como o nosso, ainda preciso acreditar em alguma coisa.

    Abraços,

    Meg

    By Anonymous Anônimo, at 00:03  

  • Olá Marcelo...
    Concordo plenamente com seu questionamento e confesso que também, muitas vezes me questiono a vericidade dos fatos.
    Dificil dizer mas, muitas vezes ainda me sinto inutilizada perante tantos fatos que não posso comprovar se são veridicos ou não.

    Resta-nos pesquisar, aprofundar, orar e talvez, chutar! Para que estejemos votando certo.

    Grande Abraço...

    By Blogger Natália, at 13:22  

  • "A maioria das pessoas quer segurança, e não liberdade."
    - H.L. Mencken

    By Blogger Lucas, at 14:48  

  • uhhm bom o q dizer?!
    Detesto política, é um assunto necessário q me irrita. Mal sei nomes de políticos,se eu lembrar de algum é pq decorei algumas daquelas musiquinhas q tocam nos carros de som escuto da minha janela.
    Não sou de mta leitura, tipo jornal e tals, apenas qdo vejo alguma manchete q me interessa... Leio poucas revistas, sou um pouco desatualizada com relação a assustos do Brasil e do mundo haha faz parte. Mas é bem natural q qualquer leitor, até mesmo os q ñ se dedicam a tal se aborrecem em saber q nem tudo q lemos é verídico e é mais irritante ainda saber q essas mentiras circulam em assuntos tão importantes como esses relacionados ao nosso país. Bom obviamente essas falhas ocorrem em qualquer tipo de matéria.
    Não tenho mto a dizer a respeito..ñ sou das melhores no assunto, mas ta aí mais um q estou me inteirando graças ao *Mundo Olhado* haha boa Marcelo...
    bjao

    By Anonymous Anônimo, at 15:25  

  • acho que a reflexão da Meg é mto inteligente, afinal, será que é possível, na sociedade em que vivemos, uma imprensa que consiga ser totalmente descomprometida com qualquer coisa a não ser com a ética? não apenas uma imprensa, mas também profissionais, que, consequentemente, precisam dessa imprensa para poderem trabalhar. afinal, todos precisam de patrocínio e ninguém tem autonomia. outra questão - o que seria a verdade? Se não é possível "sair limpo" dessa, é melhor mudar de rumo, ou então, entrar na palhaçada? prefiro a primeira opção!

    By Anonymous Anônimo, at 01:41  

  • Infelizmente as coisas funcionam assim! Se algum político financiar alguma emissora de tv ou algum jornal e vc chegar com uma matéria "contra" este político, ela provavelmente nem será lida e vai pro lixo.
    E as edições? nossa, ver filmes como O Quarto Poder, Todos os homens do presidente, O preço de uma verdade, etc.. deixa a gente de boca aberta em pensar no poder que o jornalismo tem, na força que exerce sobre a sociedade.
    É preciso ser sério, é preciso passar informações corretas paras as pessoas.
    Eu tenho esperança de que outro jornalismo é possível, porque é muito bonito pra ser sempre tão "estragado" desse jeito. É um papel importante o de um jornalista. Nós mudamos a vida das pessoas, o rumo das pessoas. Nós formamos opiniões e isso exige muita responsabilidade e ética acima de tudo.

    Depois entra no site onde tem as éticas do jornalismo. Se vc quiser, eu passo o link.

    e bom saber que vc leu o livro e que tá indo pelo lado que eu imaginei que vc fosse e que vc iria gostar! =D
    qd eu for pro RJ, eu quero ler! hihihi

    beijo

    By Anonymous Anônimo, at 14:09  

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