Ah, como o Rio faz falta!
Rio, terra de contrastes, cidade maravilhosa cheia de belezas e desigualdades, QUE SAUDADE DE VOCÊ.
Há algo de especial no Rio de Janeiro, é uma cidade apaixonante que faz falta em todos seus aspectos. Eu que vos escrevo, estou habitando há um mês a fantástica Curitiba, a cidade “perfeita”, a capital européia, cheia de planejamentos e pessoas educadas; mas confesso, o Rio do trânsito, do calor insuportável, dos botecos, das praias, dos malandros, do Aterro, o Rio mesmo, ele faz falta, e como faz.
Um poeta estrangeiro dizia que o Rio não era a “cidade maravilhosa”, que era uma paisagem maravilhosa contendo uma cidade. Grande equívoco! O charme do Rio vai além das belezas estéticas e naturais, parte da maravilha desta terra está nas imperfeições, e, garanto que vivendo um mês numa cidade exemplar, eu sinto falta dos detestáveis flanelinhas, sinto falta do ódio que sentia em dirigir 5 quadras a mais só pra procurar uma vaga; e sinto falta também das maravilhas que só o Rio oferece, como o mate de galão na praia, uma das paixões cariocas, principalmente quando misturado com o carioquíssimo Biscoito Globo. Ah que saudade de ouvir biscoito, e não bolacha. Saudade também de pedir um cachorro quente com salsicha, e não com vina; de chamar estojo de estojo, e nunca de penal; de falar “pôça” e não “poça”; saudade de jogar bola com os moleques ao invés de jogar com os piás; saudade, saudade...
Mas esse sofrimento de ausência da minha cidade querida logo vai acabar, dia 30 meu avião chega ao Rio e, com certeza, estarei escutando no ipod o Samba do Avião. Nada mais apropriado pra situação, ainda mais descendo no aeroporto Tom Jobim e ainda mais quando o mestre carioca completaria 80 anos.
“Minha alma canta,
vejo o Rio de Janeiro,
estou morrendo de saudades!
Rio seu mar, praias sem fim,
Rio você foi feito pra NÓS”
Mudando um pouco de enfoque...
Estranho, mas analisando friamente Curitiba, uma cidade que eu AMO, eu observo que a perfeição do povo curitibano esconde uma angústia e um desgosto por trás, esconde uma tristeza. Esta cidade está cheia de convenções e as pessoas tentam o máximo que podem se manter “na linha”. Acontece que essa atitude reprime vontades e desejos, e isso leva a uma certa infelicidade. Não sou psicólogo pra afirmar isso, mas, no Rio, uma cidade quase sem lei, onde a malandragem predomina e as pessoas são bastante livres pra fazer o que querem é mais fácil observar mais felicidade entre a população, apesar de que, as coisas não funcionem no Rio tão bem quanto em Curitiba. Na capital fluminense as pessoas realizam mais vontades, isso apesar de nem sempre ser politicamente correto, satisfaz ao carioca. Uma vez li algo que concordei muito, falava de paulistas mas pode-se facilmente adequar-se a curitibanos. Para um curitibano, utilizar o horário do almoço pra dar um pulo na praia seria algo extremamente vergonhoso e mal-visto; já pra um carioca é quase um orgulho. Um curitibano que tomasse essa atitude dificilmente contaria que a fizera para seus colegas de serviço, enquanto isso, um carioca “tiraria onda” com isso. São nessas diferenças que a capital da perfeição esconde uma tristeza. Existe uma convenção aqui que diz: Curitibano não joga lixo no chão. Mas, sinceramente, esse povo que é extremamente comportado nesta cidade quando vai para outras capitais como o Rio e Floripa, tornam-se uns dos turistas mais porcos. E, por incrível que pareça, isso os deixa feliz. Curitibano não joga lixo no chão, não fala com estranhos, não para ônibus fora do ponto, não usa chinelo. Curitibanos, libertem-se! E sejam mais felizes!
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Obs- Obrigado pelo apoio e pela audiência no retorno do Mundo Olhado em 2007.
Marcelo Cosentino
Há algo de especial no Rio de Janeiro, é uma cidade apaixonante que faz falta em todos seus aspectos. Eu que vos escrevo, estou habitando há um mês a fantástica Curitiba, a cidade “perfeita”, a capital européia, cheia de planejamentos e pessoas educadas; mas confesso, o Rio do trânsito, do calor insuportável, dos botecos, das praias, dos malandros, do Aterro, o Rio mesmo, ele faz falta, e como faz.
Um poeta estrangeiro dizia que o Rio não era a “cidade maravilhosa”, que era uma paisagem maravilhosa contendo uma cidade. Grande equívoco! O charme do Rio vai além das belezas estéticas e naturais, parte da maravilha desta terra está nas imperfeições, e, garanto que vivendo um mês numa cidade exemplar, eu sinto falta dos detestáveis flanelinhas, sinto falta do ódio que sentia em dirigir 5 quadras a mais só pra procurar uma vaga; e sinto falta também das maravilhas que só o Rio oferece, como o mate de galão na praia, uma das paixões cariocas, principalmente quando misturado com o carioquíssimo Biscoito Globo. Ah que saudade de ouvir biscoito, e não bolacha. Saudade também de pedir um cachorro quente com salsicha, e não com vina; de chamar estojo de estojo, e nunca de penal; de falar “pôça” e não “poça”; saudade de jogar bola com os moleques ao invés de jogar com os piás; saudade, saudade...
Mas esse sofrimento de ausência da minha cidade querida logo vai acabar, dia 30 meu avião chega ao Rio e, com certeza, estarei escutando no ipod o Samba do Avião. Nada mais apropriado pra situação, ainda mais descendo no aeroporto Tom Jobim e ainda mais quando o mestre carioca completaria 80 anos.
“Minha alma canta,
vejo o Rio de Janeiro,
estou morrendo de saudades!
Rio seu mar, praias sem fim,
Rio você foi feito pra NÓS”
Mudando um pouco de enfoque...
Estranho, mas analisando friamente Curitiba, uma cidade que eu AMO, eu observo que a perfeição do povo curitibano esconde uma angústia e um desgosto por trás, esconde uma tristeza. Esta cidade está cheia de convenções e as pessoas tentam o máximo que podem se manter “na linha”. Acontece que essa atitude reprime vontades e desejos, e isso leva a uma certa infelicidade. Não sou psicólogo pra afirmar isso, mas, no Rio, uma cidade quase sem lei, onde a malandragem predomina e as pessoas são bastante livres pra fazer o que querem é mais fácil observar mais felicidade entre a população, apesar de que, as coisas não funcionem no Rio tão bem quanto em Curitiba. Na capital fluminense as pessoas realizam mais vontades, isso apesar de nem sempre ser politicamente correto, satisfaz ao carioca. Uma vez li algo que concordei muito, falava de paulistas mas pode-se facilmente adequar-se a curitibanos. Para um curitibano, utilizar o horário do almoço pra dar um pulo na praia seria algo extremamente vergonhoso e mal-visto; já pra um carioca é quase um orgulho. Um curitibano que tomasse essa atitude dificilmente contaria que a fizera para seus colegas de serviço, enquanto isso, um carioca “tiraria onda” com isso. São nessas diferenças que a capital da perfeição esconde uma tristeza. Existe uma convenção aqui que diz: Curitibano não joga lixo no chão. Mas, sinceramente, esse povo que é extremamente comportado nesta cidade quando vai para outras capitais como o Rio e Floripa, tornam-se uns dos turistas mais porcos. E, por incrível que pareça, isso os deixa feliz. Curitibano não joga lixo no chão, não fala com estranhos, não para ônibus fora do ponto, não usa chinelo. Curitibanos, libertem-se! E sejam mais felizes!
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Obs- Obrigado pelo apoio e pela audiência no retorno do Mundo Olhado em 2007.
Marcelo Cosentino